terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Misericordiosos como o Pai: Um olhar de misericórdia

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo...

O Ano da Misericórdia é uma celebração jubilar extraordinária, que coincide com os 50 anos do encerramento do Concílio Vaticano II. Por isso, rememorando a mensagem de São João XXIII trazemos presente que “em nossos dias, a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia que o da severidade”. Esse é o convite que o Papa Francisco refaz aos cristãos de nosso tempo, lançar sobre o nosso próximo um olhar de misericórdia.

Podemos perceber que no coração de toda a espiritualidade vicentina está proeminente o caráter fundamentalmente misericordioso da caridade com o próximo. Por isso, somos convidados a celebrar junto com este Ano Jubilar, o Centenário da presença vicentina em Passo Fundo, trazendo presente o estudo do texto de São Lucas, a Parábola do Bom Samaritano (Lc 10,25-37).

Evangelho de Jesus Cristo, segundo São Lucas.
Um doutor da Lei se levantou e, querendo experimentar Jesus, perguntou: “Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?” Jesus lhe disse: “Que está escrito na Lei? Como lês?” Ele respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento; e teu próximo como a ti mesmo!” Jesus lhe disse: “Respondeste corretamente. Faze isso e viverás” (v. 25-27).

No início da passagem pode-se perceber as más intenções do doutor da Lei, que coloca sua pergunta em termos de religiosidade deuteronomista, onde “para viver é preciso cumprir” (Dt 4,1; 5,33; 8,1; 16,20; 30,16). A mesma pergunta possui uma mudança de horizonte da perspectiva judaica, no uso da Palavra “Herdar”. No Antigo Testamento esta herança é a terra, no Novo Testamento, o doutor da Lei aponta a possibilidade de uma nova interpretação, uma vida perpétua no mundo novo.

Esta pergunta é explicitada pela própria Lei, onde está sua resposta, fato este que faz com que Jesus não responda a pergunta, mas leva o seu inquisidor a dar a resposta. Esta é a pedagogia de Cristo, que não legisla, mas impele seu interlocutor ao cumprimento pleno da Lei (Mt 5,17-18; Lc 16,17). Por isso, Jesus questiona a postura dos fariseus e doutores da Lei que ficam presos a um código de leis, os quais por si só não conseguem traduzir-se em vida.

É interessante perceber na narrativa de Lucas, que o doutor da Lei consegue chegar a síntese de toda a Lei (Decálogo) e os demais preceitos rabínicos (contados como 613) em dois mandamentos, o amor a Deus e ao próximo (Dt 6,5; Lv 19,18). Mas perceba que no Evangelho de Mateus esta síntese é feita por Jesus (Mt 12,28; 22,27-29), porém, percebemos que a preocupação do Evangelista é mostrar que os ensinamentos de Jesus estão atingindo as pessoas da época e região de Jesus. Esta síntese une a religião e a ética, apontando o que significa ser humano.

O homem consegue a plenitude de sua vida quando sai de si mesmo, onde é importante perceber a construção textual que coloca Deus e o próximo como termos equivalentes e correlatos (1Jo 4,20-21; 1Pd 1,8; Mt 22,36-40; Jo 14,15-21; 15,17). Por isso, segundo Jesus, a síntese está correta, porém, agora é necessário cumprir o que foi dito, conforme a religiosidade da Lei. Os dois mandamentos são a síntese e a alma de todos os outros, pois somente o amor dá sentida à Lei e a justifica.

Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” (v. 28).

A nova pergunta do doutor da Lei é capciosa, porém, revela o seu caráter profundamente furtivo, pois encarou a interpelação de Jesus como repreensão e busca agora uma escapatória, tentando neutralizar a validez do ensinamento. O problema não está em identificar a Deus, mas sim ao próximo, que na tradição Levítica eram os israelitas. Esta tradição permite que os doutores da Lei possam escolher quem é o próximo a partir da sua prática de excluir pecadores e não observantes da Lei.

Jesus não tem escapatória frente a pergunta do doutor da Lei, que optará por uma parábola para não justificar esta prática, mas para criticar e corrigir a conduta. Não basta apenas saber o que fazer, mas é necessário saber fazer.

Jesus retomou: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o quase morto. Por acaso, um sacerdote estava passando por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado. O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado. Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e moveu-se de compaixão (v. 30-33).

Esta parábola possui um caso típico para o exercício e a prática da misericórdia: uma pessoa que caiu nas mãos de assaltantes, vítima indefesa, jaz indefesa num caminho de curvas e abismos, à beira da morte. Percebe-se que é descrito como “um homem” qualquer, sem pátria nem ofício, anônimo, ou seja, constitui-se como elemento primordial para a prática de misericórdia, indistintamente. Encontra-se necessitado de um olhar de misericórdia.

Este homem representa toda a humanidade em meio as suas misérias cotidianas, vítimas tanto da cidade como do campo, não só espoliados de seus bens materiais, mas também seus bens espirituais e sua própria dignidade como pessoas. Junto deste personagem percebe-se a presença de mais três personagens, a saber: um sacerdote, um levita e um samaritano. Os dois primeiros homens do culto, atentos às prescrições legais da pureza ritual, e o último, um meio pagão, considerado herege (Jo 8,48), porém, compassivo e solícito.

A primeira pessoa a passar pelo homem que se encontra mergulhando na miséria e desgraça de seu infortúnio é o sacerdote. Este é um homem da religião, preocupado com o culto, com o Templo e o risco de se tornar impuro ao tocar em qualquer cadáver ou no sangue do moribundo (Nm 19,11-16; Lv 21,1-2). A passagem vai além, mostra que o sacerdote segue adiante, passando pelo outro lado. Ele torna-se alheio as necessidades do outro, procurando não envolver-se com a situação, o que o torna apático as misérias humanas.

A segunda pessoa a passar pelo homem é o levita, um doutor da Lei, que ao vê-lo caído passou adiante. É a mesma preocupação da pureza ritual prescrita na tradição deuteronomista, que faz o sacerdote e o levita tornarem-se alienados das necessidades do outro. Essa alienação faz com que não percebam no outro o próximo que o doutor havia proclamado em sua síntese para Jesus. É a tensão que existe entre o culto e a ajuda ao próximo, a promoção da justiça social, uma constante nos escritos dos profetas, livros sapienciais e salmos (Is 1,10-20; Jr 7; Sl 50; Eclo 34,18 – 35,10). Os dois primeiros a passarem pelo homem são pessoas do clero da época, que separam a compaixão do culto, e não conseguem aproximar-se de quem passa necessidades.

A terceira pessoa que passa pelo homem a beira do caminho é um samaritano, considerado gentio pelos judeus, e também um herege para tradição judaico-deuteronomista. Ele é considerado um impuro, um inimigo e marginalizado. Porém, é ele a quem a tradição atribui o título de “Bom Samaritano”, pelo seu gesto de generosidade e compaixão para com o outro, o seu próximo. Na tradição escriturística, o termo próximo corresponde a um termo hebraico que significa vizinho (Pr 25,17; 27,14) e/ou amigo (Pr 27,9; 17,17; Eclo 37,1-6). Este conceito é uma relação de reciprocidade, onde um considera e trata do outro como um próximo, um amigo. A resposta de Jesus começa aqui, onde ele aponta a necessidade da cultura de tornar-se próximo.

Aproximou-se dele e tratou-lhe as feridas, derramando nelas óleo e vinho. Depois colocou-o em seu próprio animal e o levou a uma pensão, onde cuidou dele. No dia seguinte, pegou dois denários e entregou-os ao dono da pensão, recomendando: ‘Toma conta dele! Quando eu voltar, pagarei o que tiveres gasto a mais’ (v. 34-35).

Esta é a característica central que Jesus dá importância e leva o doutor da Lei a refletir sobre sua prática. O Samaritano “aproximou-se e tratou-lhe as feridas”. É aqui que se revela o olhar de misericórdia sobre as necessidade do outro, o próximo. Tanto pelo samaritano ser marginalizado pelos judeus, que ele apresenta-se como o paradoxo e paradigma da misericórdia: o marginalizado que se compadece. O ato de se compadecer deve-se ao seu espírito de solicitude e conhecimento da miséria humana, pois ele também compartilha com o homem a beira da estrada, o sentimento de abandono e esquecimento, onde todos querem “passar longe”. A atitude do perfeito cumprimento da Lei está naquele que para os outros não cumpria as obrigações e prescrições religiosas.

O samaritano usa do que é dele para cuidar do próximo, o óleo e o vinho são medicamentos que suaviza e protege a ferida, enquanto o vinho desinfeta. Monta-o em seu animal e leva-o a uma pensão, “onde cuidou dele”. A misericórdia aqui não é simplesmente assistir e ajudar a beira do caminho, mas também impele à prática do cuidado, do zelo e da proteção. Ele não simplesmente cuida do homem, vítima da violência do mundo, mas presta a ele os cuidados necessários para que recupere sua saúde e sua dignidade. Isto fica evidente quando lê-se que ele pede ao dono da pensão para que “tome conta dele”.

A obra da misericórdia que se dá neste samaritano é evidenciada pelo caráter de desapego material, dando a entender que para ele não interessa se vai ou não ser restituído no que gastou para cuidar do seu próximo. “Quando eu voltar, pagarei o que tiveres gasto a mais”. Ele vai além das atitudes de qualquer um dos outros dois que passaram sem compadecer-se do homem que estava a beira do caminho. Ele anuncia que vai voltar, ou seja, está preocupado com a recuperação do próximo, pois ele se aproxima e ajuda o homem necessitado.

Na tua opinião – perguntou Jesus –, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse: “Vai e faze tu a mesma coisa” (v. 36-37).

Como foi visto a parábola apresentou três perspectiva para viver e encontrar o núcleo, o coração de toda a Lei. Por isso, Jesus conclui devolvendo a pergunta sobre quem seria o próximo para que o doutor da Lei aponte a resposta que encontrou “qual dos três foi o próximo do homem”. O homem da Lei reponde: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Portanto, é preciso celebrar o amor que torna homens e mulheres cada vez mais próximos e íntimos, aprendendo o mandato de Jesus “Vai e faze tu a mesma coisa”.

Hoje é preciso resgatarmos tanto o questionamento do doutor da Lei, quanto a resposta que ele dá, a fim de que em nossas comunidades, ao comungarmos da Palavra e do Pão, transformemos nossa religião e nossa fé num exercício constante e perene da Misericórdia de Deus. Devemos acolher com solicitude o convite que a Igreja nos faz de sermos “Misericordiosos como o Pai”, lançando sobre toda a realidade humana “Um olhar de caridade”. Pois, a caridade e a misericórdia são irmãs que dão-se as mãos para construir um mundo mais humano.

A Igreja também possui seu Código de Leis, que orientam e conduzem a sua vida no peregrinar sobre o mundo, mesmo assim, persiste em seu coração o ardente desejo de ser Mãe e Mestra para o mundo. Como esposa de Cristo e sob a proteção da Bem Aventurada Virgem Maria, ela deve anunciar ao mundo a verdade, a justiça e a misericórdia. Sua Lei máxima está inscrita no coração de seus pastores, nas Sagradas Escrituras, e faz resplandecer no Sagrado Magistério quando anuncia ao encerrar o Código de Direito Canônico que “observada a equidade canónica e tendo-se sempre diante dos olhos a salvação das almas, que deve ser sempre a lei suprema na Igreja” (Cânon 1752).

Esta é a conhecida lei da salus animarum, a lei suprema de toda a Igreja, em consonância com o que é celebrado e foi vivenciado pelos primeiros discípulos, junto de Nosso Senhor Jesus Cristo. A salvação das almas não significa um apelo apenas espiritual, mas é um chamado para a proclamação da dignidade integral do homem, que deve ter suas misérias cuidadas e atendidas pela Igreja. Como somos membros da Igreja, cabe a nós a missão de proclamar esta salvação por meio de nossas obras de misericórdia.

Cfd. Ângelo Dutra de Oliveira
DECOM – Departamento de Comunicação

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Ano Santo do Senhor: Jubilai na Misericórdia do Senhor (Parte II)

No dia 8 de dezembro começa o Ano jubilar da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco, que recomendou que durante esse tempo realizássemos as obras de misericórdia, mas o que são e quais são?


1. Que são as Obras de Misericórdia?


As obras de misericórdia são as ações caridosas pelas quais vamos em ajuda do nosso próximo, nas suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar, consolar, confortar, são obras de misericórdia espirituais, como perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporais consistem nomeadamente em dar de comer a quem tem fome, albergar quem não tem teto, vestir os nus, visitar os doentes e os presos, sepultar os mortos. Entre estes gestos, a esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna e também uma prática de justiça que agrada a Deus. CIC, 2447.

É meu vivo desejo que o povo cristão reflita, durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia corporal e espiritual. Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina. A pregação de Jesus apresenta-nos estas obras de misericórdia, para podermos perceber se vivemos ou não como seus discípulos. Redescubramos as obras de misericórdia corporal: dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos. E não esqueçamos as obras de misericórdia espiritual: aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as pessoas molestas, rezar a Deus pelos vivos e defuntos.
Papa Francisco, Bula Misericordiae Vultus.

2. Quais são as obras de misericórdia?


Há catorze Obras de misericórdia: sete corporais e sete espirituais.

Obras de misericórdia corporais:

1) Dar de comer a que tem fome
2) Dar de beber a quem tem sede
3) Dar pousada aos peregrinos
4) Vestir os nus
5) Visitar os enfermos
6) Visitar os presos
7) Enterrar os mortos

Obras de misericórdia espirituais:

1)Ensinar os ignorantes
2) Dar bom conselho
3) Corrigir os que erram
4) Perdoar as injúrias
5) Consolar os tristes
6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo
7) Rezar a Deus por vivos e defuntos

As Obras de misericórdia corporais encontram-se, na sua maioria, numa lista enunciada pelo Senhor na descrição do Juízo Final.

A lista das Obras de misericórdia espirituais tirou-a a Igreja de outros textos que se encontram ao longo da Bíblia e de atitudes e ensinamentos do próprio Cristo: o perdão, a correção fraterna, o consolo, suportar o sofrimento, etc.

3. Qual o efeito das Obras de misericórdia em quem as pratica?


O exercício das Obras de misericórdia comunica graças a quem as exerce. No evangelho de São Lucas Jesus diz: ‘Dai, e ser-vos-á dado’. Por isso, com as Obras de misericórdia fazemos a vontade de Deus, damos algo que é nosso aos outros e o Senhor promete que nos dará também a nós aquilo de que necessitamos.

Por outro lado, um modo de ir apagando a pena que fica na alma pelos nossos pecados já perdoados é mediante as boas obras. Boas obras são, obviamente as Obras de misericórdia. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7), é uma das Bem-Aventuranças.

As Obras de misericórdia também nos vão tornando mais parecidos com Jesus, nosso modelo, que nos ensinou como deve ser a nossa atitude para com os outros. No evangelho de São Mateus encontramos as seguintes palavras de Cristo: “Não entesoureis tesouros na terra, onde a traça os corrói, e onde os ladrões os roubam, mas amontoai tesouros no céu, onde a traça os não corrói, onde os ladrões não os roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. Seguindo este ensinamento do Senhor trocamos os bens temporais pelos eternos, que são os que valem de verdade.

As Obras de misericórdia corporais: breve explicação


São Mateus apresenta a narração do Juízo Final (Mt 25, 31-36). Naquele tempo Jesus disse aos seus discípulos: “Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado por todos os seus anjos, há de sentar-se no seu trono de glória. Perante Ele, vão reunir-se todos os povos e Ele separará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. À sua direita porá as ovelhas e à sua esquerda, os cabritos. O Rei dirá, então, aos da sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo. Então, os justos vão responder-lhe: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos peregrino e te recolhemos, ou nu e te vestimos? E quando te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-te?’ E o Rei vai dizer-lhes, em resposta: ‘Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes. Em seguida dirá aos da esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o diabo e para os seus anjos! Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, era peregrino e não me recolhestes, estava nu e não me vestistes, doente e na prisão e não fostes visitar-me. Por sua vez, eles perguntarão: ‘Quando foi que te vimos com fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou na prisão, e não te socorremos?’ Ele responderá, então: ‘Em verdade vos digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer”. Estes irão para o suplício eterno, e os justos, para a vida eterna.”

1) Dar de comer a quem tem fome e 2) dar de beber a quem tem sede.
Estas duas complementam-se e referem-se à ajuda que devemos disponibilizar em alimentos e outros bens aos mais necessitados, àqueles que não têm o indispensável para comer em cada dia.
Jesus, segundo o Evangelho de São Lucas , recomenda: “Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo” (Lc 3, 11).

3) Dar pousada aos peregrinos.
Em tempos antigos dar pousada aos viajantes era um assunto de vida ou de morte, pelas dificuldades e riscos das caminhadas e viagens. Não é o normal hoje em dia. Mas, mesmo assim, poderia acontecer recebermos alguém em nossa casa, não por pura hospitalidade de amizade ou família, mas por alguma verdadeira necessidade.

4) Vestir os nus.
Esta obra de misericórdia dirige-se a aliviar outra necessidade básica: o vestuário. Muitas vezes é-nos proporcionada com as recolhas de roupa que se fazem nas paróquias e noutros centros. Ao entregar a nossa roupa é bom pensar que podemos dar o que nos sobra ou já não nos serve, mas também podemos dar do que ainda nos é útil.
A carta de São Tiago propõe-nos sermos generosos: “Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: «Ide em paz, tratai de vos aquecer e de matar a fome», mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará?” (St 2, 15-16).

5) Visitar os enfermos
Trata-se de uma verdadeira atenção para com os doentes e idosos, tanto no aspeto físico, como em lhes proporcionar um pouco de companhia.
O melhor exemplo da Sagrada Escritura é o da parábola do Bom Samaritano que curou o ferido e, ao não poder continuar a cuidar dele diretamente, confiou os cuidados que necessitava a outro em troca de pagamento (ver Lc 10, 30-37).

6) Visitar os presos
Consiste em visitar os presos e prestar-lhes não só ajuda material, mas também assistência espiritual que lhes sirva para melhorar como pessoas, emendar-se, aprender a desenvolver um trabalho que lhes possa ser útil quando terminarem o tempo que lhes foi imposto pela justiça, etc.
Significa também resgatar os inocentes e sequestrados. Em tempos antigos os cristãos pagavam para libertar escravos ou se trocavam por prisioneiros inocentes.

7) Enterrar os mortos
Cristo não tinha lugar onde repousar. Foi um amigo, José de Arimateia, que lhe cedeu o seu túmulo. Mas, não apenas isso, teve a valentia para se apresentar ante Pilatos e pedir-lhe o corpo de Jesus. Nicodemos também participou e ajudou a sepultá-lo. (Jo 19, 38-42)
Enterrar os mortos parece um mandato supérfluo, porque, de facto, todos são enterrados. Mas, por exemplo, em tempo de guerra, pode ser um mandato muito exigente. Por que é importante dar sepultura digna ao corpo humano? Porque o corpo humano foi morada do Espírito Santo. Somos templos do Espírito Santo (1 Cor 6. 19).

As Obras de misericórdia espirituais: breve explicação


1) Ensinar os ignorantes
Consiste em ensinar os ignorantes em qualquer matéria: também sobre temas religiosos. Este ensino pode ser levado a cabo através de escritos ou da palavra, por qualquer meio de comunicação ou diretamente.
Como diz o Livro de Daniel, “os que ensinam a justiça ao povo, brilharão como as estrelas pela eternidade sem fim” (Dn 12,3b).

2) Dar bom conselho
Um dos dons do Espírito Santo é o dom do conselho. Por isso, quem desejar um bom conselho deve, primeiramente, estar em sintonia com Deus, pois não se trata de dar opiniões pessoais, mas de aconselhar bem a quem necessita de um guia.

3) Corrigir os que erram
Esta obra de misericórdia refere-se acima de tudo ao pecado. De facto, outra maneira de formular esta obra é: Corrigir o pecador.
A correção fraterna é explicada pelo próprio Jesus no evangelho de São Mateus: “Se o teu irmão pecar, fala com ele a sós para o corrigir. Se te escutar, ganhaste o teu irmão” (Mt 19, 15-17).
Devemos corrigir o nosso próximo com mansidão e humildade. Muitas vezes será difícil fazê-lo, mas, nesses momentos, podemos lembrar-nos do que diz o apóstolo S. Tiago no final da sua Carta: “aquele que converte um pecador do seu erro salvará da morte a sua alma e obterá o perdão de muitos pecados.” (St 5, 20)

4) Perdoar as injúrias
No Pai Nosso dizemos: “Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, e o mesmo Senhor esclarece: “se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas” (Mt 6, 14-16).
Perdoar as ofensas superar a vingança e o ressentimento. Significa tratar amavelmente a quem nos ofendeu.
O melhor exemplo de perdão no Antigo Testamento é o de José, que perdoou aos irmãos o terem tentado matá-lo e depois vendê-lo. “Não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós próprios, por me terdes vendido para este país; porque foi para podermos conservar a vida que Deus me mandou para aqui à vossa frente” (Gen 45, 5).
E o maior perdão do Novo Testamento é o de Cristo na Cruz, que nos ensina que devemos perdoar tudo e sempre: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34).

5) Consolar os tristes
O consolo para o triste, para aquele que passa por alguma dificuldade é outra obra de misericórdia espiritual.
Muitas vezes, irá a par com dar algum bom conselho que ajude a superar essas situações de dor ou tristeza. Acompanhar os nossos irmãos em todos os momentos, mas principalmente nos mais difíceis, é pôr em prática o comportamento de Jesus que se compadecia com a dor alheia. Um exemplo vem no evangelho de S. Lucas. Trata-se da ressurreição do filho da viúva de Naim: “Quando estavam perto da porta da cidade, viram que levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva; e, a acompanhá-la, vinha muita gente da cidade. Vendo-a, o Senhor compadeceu-se dela e disse-lhe: «Não chores.» Aproximando-se, tocou no caixão, e os que o transportavam pararam. Disse então: «Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te!». O morto sentou-se e começou a falar. E Jesus entregou-o à sua mãe” (Lc 7,12-16).
6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo
A paciência face aos defeitos dos outros é virtude e é uma obra de misericórdia. No entanto, há um conselho muito útil: quando o suportar esses defeitos causa mais dano que bem, com muita caridade e suavidade, deverá fazer-se uma advertência.

7) Rezar a Deus por vivos e defuntos
S. Paulo recomenda rezar por todos sem distinção, também por governantes e autoridades, pois “Ele quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2,2-3).
Os falecidos que estão no Purgatório dependem das nossas orações. É uma boa obra rezar por eles, para que sejam libertados dos seus pecados (2 Mac 12,46).

Ano Santo do Senhor: Jubilai na Misericórdia do Senhor (Parte I)


Celebrado no último dia 08 de Dezembro de 2015, e proclamado pelo Papa Francisco, através da Bula Misericordiae Vultus, de 11 de Abril de 2015, estamos vivenciando o Ano Santo do Senhor, com o Jubileu Extraordinário da Misericórdia.

- Mas o que significa este Ano?
- O que é celebrar o Jubileu?
- Como vivenciar este jubileu?

São estas questões que nos vem a cabeça quando falamos e/ou ouvimos sobre este Ano Santo da Misericórdia. Para isso podemos conferir na íntegra o texto escrito pelo Papa Francisco na Bula Misericordiae Vultus (Confira o link).

Viver o Ano Santo significa entrar em sintonia com a Boa Nova de Cristo, que não vem apenas proclamar a libertação material do homem, mas a sua libertação plena (1 Tes 5,23), em corpo, alma e espírito. Cristo proclama ao mundo a Misericórdia do Pai que atinge toda a realidade humana. Por isso, viver o Ano Santo é um ato de buscar a aproximação da Misericórdia de Deus, a fim de que possamos não apenas ser tocados pela misericórdia, mas também sermos sinais da misericórdia para nosso próximo que mais necessita.

O Jubileu é uma celebração propriamente judaica, onde era celebrado um Ano Sabático, a cada 50 anos. Durante este ano os escravos eram libertados, restituíam-se as propriedades às pessoas que as haviam perdido, perdoavam-se as dívidas, as terras deviam permanecer sem cultivar e se descansava (Lv 25,8-17). Como a Tradição Católica segue na construção histórica judaico-cristã, traduz-se este ano em um período onde são concedidas indulgências aos fiéis que procurarem vivenciar este período em sintonia com a Igreja.

O Ano Jubilar pode ser ordinário ou extraordinário, onde é chamado ordinário se obedeça a disposição temporal do período de 50 anos (o último Ano Jubilar foi proclamado por S. João Paulo II, por ocasião do ano 2000, para comemorar o 2º milênio do nascimento de Cristo). Porém, a Igreja, conforme as necessidades temporais, poderá proclamar um Ano Jubilar Extraordinário. O ponto mais importante de toda a celebração destes jubileus é o fato de que se faz um chamado para aprofundarmos nossas relações com Deus e com nosso próximo. Cada Jubileu é uma oportunidade para alimentar a fé e renovar o compromisso de ser um testemunho de Cristo, constituindo-se um convite à conversão.

O primeiro ano jubilar foi convocado em 1300, pelo Papa Bonifácio VIII. Estabeleceu-se que os seguintes jubileus se comemorassem a cada 25 anos, com o objetivo de que cada geração experimente pelo menos um em sua vida. Por isso, o Ano Santo proclamado pelo Papa Francisco é um Jubileu Extraordinário.

Explicação da Logo



O logotipo e o lema colocados juntos oferecem uma feliz síntese do Ano jubilar. O lema Misericordiosos como o Pai (retirado do Evangelho de Lucas, 6,36) propõe viver a misericórdia no exemplo do Pai que pede para não julgar e não condenar, mas perdoar e dar amor e perdão sem medida (cfr. Lc 6,37-38). O logotipo – obra do Padre jesuíta Marko I. Rupnik – apresenta-se como uma pequena suma teológica do tema da misericórdia. Mostra, na verdade, o Filho que carrega aos seus ombros o homem perdido, recuperando uma imagem muito querida da Igreja primitiva, porque indica o amor de Cristo que realiza o mistério da sua encarnação com a redenção. O desenho é feito de tal forma que realça o Bom Pastor que toca profundamente a carne do homem, e o faz com tal amor capaz de lhe mudar a vida. Além disso, um detalhe não é esquecido: o Bom Pastor com extrema misericórdia carrega sobre si a humanidade, mas os seus olhos confundem-se com os do homem. Cristo vê com os olhos de Adão e este com os olhos de Cristo. Cada homem descobre assim em Cristo, novo Adão, a própria humanidade e o futuro que o espera, contemplando no Seu olhar o amor do Pai.

A cena é colocada dentro da amêndoa, também esta figura cara da iconografia antiga e medieval que recorda a presença das duas naturezas, divina e humana, em Cristo. As três ovais concêntricas, de cor progressivamente mais clara para o exterior, sugerem o movimento de Cristo que conduz o homem para fora da noite do pecado e da morte. Por outro lado, a profundidade da cor mais escura também sugere o mistério do amor do Pai que tudo perdoa.

Concluímos esta notícia com as palavras do Santo Padre, em sua Bula:
Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai. O mistério da fé cristã parece encontrar nestas palavras a sua síntese. Tal misericórdia tornou-se viva, visível e atingiu o seu clímax em Jesus de Nazaré. O Pai, "rico em misericórdia" (Ef 2,4), depois de ter revelado o seu nome a Moisés como "Deus misericordioso e clemente, vagaroso na ira, cheio de bondade e fidelidade" (Ex34, 6), não cessou de dar a conhecer, de vários modos e em muitos momentos da história, a sua natureza divina. Na "plenitude do tempo" (Gl 4, 4), quando tudo estava pronto segundo o seu plano de salvação, mandou o seu Filho, nascido da Virgem Maria, para nos revelar, de modo definitivo, o seu amor. Quem O vê, vê o Pai (cf. Jo 14, 9). Com a sua palavra, os seus gestos e toda a sua pessoa, Jesus de Nazaré revela a misericórdia de Deus. (Dei Verbum, nº 4)
Para mais informações sobre como viver o ano da misericórdia acesse o portal http://www.im.va/.

Oração

Senhor Jesus Cristo,
Vós que nos ensinastes a ser misericordiosos como o Pai celeste,
e nos dissestes que quem Vos vê, vê a Ele.
Mostrai-nos o Vosso rosto e seremos salvos.
O Vosso olhar amoroso libertou Zaqueu e Mateus da escravidão do dinheiro;
a adúltera e Madalena de colocar a felicidade apenas numa criatura;
fez Pedro chorar depois da traição,
e assegurou o Paraíso ao ladrão arrependido.
Fazei que cada um de nós considere como dirigida a si mesmo as palavras que dissestes à mulher samaritana:
Se tu conhecesses o dom de Deus!
Vós sois o rosto visível do Pai invisível,
do Deus que manifesta sua omnipotência sobretudo com o perdão e a misericórdia:
fazei que a Igreja seja no mundo o rosto visível de Vós, seu Senhor, ressuscitado e na glória.
Vós quisestes que os Vossos ministros fossem também eles revestidos de fraqueza
para sentirem justa compaixão por aqueles que estão na ignorância e no erro:
fazei que todos os que se aproximarem de cada um deles se sintam esperados, amados e perdoados por Deus.
Enviai o Vosso Espírito e consagrai-nos a todos com a sua unção
para que o Jubileu da Misericórdia seja um ano de graça do Senhor
e a Vossa Igreja possa, com renovado entusiasmo, levar aos pobres a alegre mensagem
proclamar aos cativos e oprimidos a libertação
e aos cegos restaurar a vista.
Nós Vo-lo pedimos por intercessão de Maria, Mãe de Misericórdia,
a Vós que viveis e reinais com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos.
Amém.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

SSVP - Um espírito de caridade

A Sociedade São Vicente de Paulo é para o mundo um dos sinais mais luminosos da caridade cristão, fortemente expressa na passagem do Bom Samaritano (Lc 10,25-37). Fundada em 1833, na cidade de Paris, França, por um grupo de jovens leigos católicos, e um outro mais velho, tendo por objetivo a prática da caridade como serviço aos pobres e necessitados.
A vocação dos membros da Sociedade, conhecidos pelo mundo afora como vicentinos, é seguir a Jesus Cristo por meio do serviço aos que mais necessitam, dando testemunho do amor libertador, cheio de ternura e compaixão. É o olhar de Cristo para as misérias da humanidade e a ação criadora do Espírito em resgatar o ser humano de toda e qualquer situação de marginalização e abandono. Por isso, devem sempre deixar abertos seus corações para o contato pessoa a pessoa, sendo sinal de esperança no mundo secularizado.
É o mesmo espírito que animou o Beato Frederico Ozanan, e os demais jovens que fundaram a Sociedade, que inspira homens, mulheres e, em especial, jovens a ajudar qualquer pessoa necessitada, aliviando seus sofrimentos e misérias, promovendo a dignidade e a integridade do ser humano em todas as suas dimensões. E, por quase dois séculos a Sociedade dedica-se a caridade indistinta a qualquer pessoa que se encontre em necessidade, independente de credo, etnia, particularidades culturais ou opções políticas.
O grande desafio que desponta ao espírito vicentino é a face mutante das sociedades humanas contemporâneas, em meio a globalização, que não só globaliza a cultura, tecnologia, informação e conhecimento, mas também globaliza a miséria, o abandono e a marginalização do humano. Parece que num mundo dominado pela técnica, o ser humano entra em desvalorização e descrédito, principalmente em sua dignidade.
É o que alguns chamam de tempo de mudança e/ou mudança dos tempos. Nessa situação cabe aos vicentinos seguir o espírito de seus fundadores, estando atentos a estes sinais de mudança, adaptando-se aos novos desafios que despontam. Merece atenção especial as novas formas de pobreza e miséria que despontam no horizonte da humanidade.
Portanto, os vicentinos, em especial a juventude são convidados a imitar Cristo junto aos que mais necessitam do amor de Deus. Lembra-se aqui o gesto da mulher hemorroíssa (Mc 5,25-34), que precisou apenas tocar o manto de Cristo, ou seja, precisava apenas de sua presença para ser curada. O vicentino é esse que vai ao encontro do necessitado e o ajuda a sentir novamente a presença de Deus em suas vidas, pois são os sinais de que a ação misericordiosa de Cristo ainda permanece presente no mundo.
Sua vocação é buscar a santidade através do serviço ao pobres e aos outros, crescendo no amor caritativo, assumindo as necessidades do outro para si, promovendo a dignidade da pessoa humana indistintamente a quem precisar. Além disso são assíduos no exercício das virtudes teologais, a fé, a esperança e a caridade (1 Cor 13,13), para se tornarem o mais próximos possíveis de Cristo, que nos impele a viver a santidade (Mt, 5,48).
Assim, ser vicentino não é uma simples opção em entrar num movimento, mas sobremaneira é um estado de espírito, uma opção de vida, à serviço dos outros.

Oração: Deus fiel, te agradecemos por ter inspirado o Beato Frederico Ozanan e seus companheiros na criação da Sociedade de São Vicente de Paulo. Deus de amor, te pedimos que nos ajudes a preservar e perpetuar, em sua autenticidade original, o espírito e a visão do Beato Frederico para nos guiar na busca de seu sonho: "abraçar o mundo em uma rede de Caridade". Por Cristo Nosso Senhor. Amém.